ATA DA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 06.03.1996.
Aos seis dias do mês de
março do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas
foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt,
Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar
Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Isaac
Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu
D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol
e Wilton Araújo. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Sexta Sessão Ordinária , que foi aprovada. À MESA
foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de Informações
nºs 24, 27 e 28/96 (Processos nºs 511, 582 e 583/96); pelo Vereador Jocelin
Azambuja, 01 Pedido de Informações nº 26/96 (Processo nº 573/96); pelo Vereador
Mário Fraga, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Raul Carrion, 02
Projetos de Lei do Legislativo nºs 14 e 15/96 (Processos nºs 520 e 521/96);
pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 12/96
(Processo nº 494/96). Ainda, foram deferidos pelo Senhor Presidente
Requerimentos solicitando o desarquivamento dos seguintes Projetos: do Vereador
Fernando Záchia, o Projeto de Lei do Legislativo nº 09/96 (Processo nº 471/96);
do Vereador Giovani Gregol, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs
17, 24 e 25/95 (Processos nºs 1789, 2091 e 2121/95); da Vereadora Helena
Bonumá, Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/94 (Processo nº
1881/94), Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/95 (Processo nº 1189/95),
Projetos de Lei do Legislativo nºs 78, 124, 125 e 126/95 (Processos nºs 1781,
2334, 2335 e 2336/95); do Vereador Jocelin Azambuja, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 139/94 (Processo nº 2351/94), 62 e 63/95 (Processos nºs 1523 e
1568/95); o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/94 (Processo nº
486/94); do Vereador João Motta, Projeto de Lei do Legislativo nº 37/93
(Processo nº 935/95). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 02/96, do Vereador
Airto Ferronato, da Comissão de Constituição e Justiça; 183/96, do Senhor
Antônio Gonzalez, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; 225 e
226/96, do Senhor Edemar Morel Tutikian; 376/96, da Senhora Tânia Azeredo Casa
grande, da Casa Civil do Estado; 83 e 84/96, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre. Na oportunidade, em Questão de Ordem, o Vereador Jocelin Azambuja
questionou acerca das inscrições para o período de Pauta e logo após, formulou
Requerimento para consulta à Procuradoria da Casa acerca da instalação da
Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Negrinho falou sobre os
assaltos que vêm ocorrendo no Bairro Cristal, dizendo que a Brigada Militar não
circula pelo Bairro. Referiu-se, também, ao Pedido de Informações acerca de
construção irregular na rua General Gomes Carneiro, em frente ao nº 905. A
seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o
Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Eliseo Fialho de Oliveira,
representante da Associação dos Moradores do Parque dos Maias II, que discorreu
sobre a crise habitacional enfrentada pela entidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Nereu D'Ávila referendou as colocações feitas pelo Presidente da
Comissão de Negociação do Parque dos Maias II, no tocante à falta de uma
política habitacional destinada à classe trabalhadora, criticando os desvios
governamentais, notadamente na área financeira nacional. O Vereador Luiz Braz
referiu-se às negociações já antigas e sofridas dos moradores do Parque dos
Maias II, que, contrariamente ao esperado, culminaram com a decisão de retomada
dos imóveis. Sugeriu que a Caixa Econômica Federal intervenha no processo, via
governo do Estado, para solução da questão. O Vereador Lauro Hagemann
referiu-se à ação de despejo que atinge uma comunidade numerosa, "uma
cidade dentro da Cidade". Discorreu sobre as leis e seus efeitos sobre a
população sem habitação. Conclamou os moradores à união, e a pressionar as
autoridades na defesa de seus interesses. O Vereador Reginaldo Pujol ponderou
sobre a questão habitacional nos dias de hoje e as dificuldades criadas ao
longo do tempo, fazendo com que a comunidade tenha que se dirigir a esta Casa
no sentido de buscar apoio e solução para o seu aflitivo problema. Enfatizou
que soluções concretas devem ser procuradas por todos, com urgência. O Vereador
Guilherme Barbosa referiu-se à necessidade de um compromisso efetivo dessa Casa
para, junto com a comunidade, formar uma Comissão Externa visando estabelecer
um valor técnico viável para os imóveis, combatendo a intransigência da
Construtora Guerino. O Vereador Raul Carrion lamentou que a Bancada do Partido
Comunista do Brasil passe por questionamentos jurídico-legais. Disse que desde
o ano de mil novecentos e oitenta e sete acompanha a luta do Parque dos Maias,
cuja conclusão dos imóveis foi obra do trabalho dos moradores, hoje ameaçados
de despejo pela Construtora Guerino e HABITASUL, que se negam a discutir o
valor dos imóveis e, também, a parcelar o pagamento da entrada. Declarou-se
solidário com a luta dos moradores. O Vereador Antonio Hohlfeldt solidarizou-se
com os moradores, reafirmando as colocações feitas pelos Vereadores que o
antecederam na tribuna. Sugeriu a alternativa de um Decreto de Desapropriação
imediata da área em questão, num trabalho conjunto entre a Câmara Municipal de
Porto Alegre, a Prefeitura Municipal, o Governo do Estado e a comunidade, num gesto
inicial visando buscar uma saída para a questão. A Vereadora Clênia Maranhão
externou seu apoio à luta desses moradores e disse da necessidade de uma ação
solidária visando a que todos tenham acesso ao direito básico da cidadania, que
é a habitação. Em continuidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem
formulada pelo Vereador Elói Guimarães, esclarecendo aos presentes a
impossibilidade regimental dos demais vereadores manifestarem-se sobre o
assunto. Das quinze horas e vinte e cinco minutos às dezesseis horas e sete
minutos os trabalhos estiveram suspensos para formação de Comissão Externa com
o fim de representar esta Casa em quaisquer tratativas para solução da crise
habitacional enfrentada pelos moradores do Parque dos Maias II, de acordo com
artigo 78 do Regimento. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foram reabertos os trabalhos e o Senhor Presidente
comunicou aos presentes a composição da Comissão Externa e informou que às
dezessete horas e trinta minutos será realizada, no Salão Nobre da Presidência,
a primeira reunião da referida Comissão Externa. Em continuidade, foi iniciado
o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os
Projetos de Lei do Executivo nºs 08, 03 e 04/96, este último discutido pelo
Vereador João Dib, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 07/91 e
01/96, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 152 e 271/91, 144/94, 153 e
164/95, 01 e 03/96, o Projeto de Resolução nº 45/95 e 06/96, e o Projeto de
Emenda à Lei Orgânica nº 05/95; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 01/96, os Projetos de Lei do Executivo nºs 01 e 06/96, os Projetos
de Lei do Legislativo nºs 155, 157, 158/95 e 06/96, os Projetos de Resolução
nºs 46/95 e 01/96, e o Substitutivo nº 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
270/91, este último discutido pelos Vereadores Nereu D'Ávila, José Valdir,
Dilamar Machado e Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib
reportou-se ao Pedido de Informações de sua autoria encaminhado ao Executivo Municipal,
acerca de lancha de propriedade do Departamento Municipal de Água e Esgotos,
dizendo ter recebido em resposta a informação de que os documentos da referida
lancha desapareceram. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a
presença, neste Plenário, do Jornalista Raul Moreau. Na ocasião, o Senhor
Presidente informou que a Vereadora Helena Bonumá encontra-se representando
esta Casa, na Assembléia Legislativa, em evento alusivo ao Dia Internacional da
Mulher, bem como, comunicou que ainda hoje ocorrerão duas Sessões
Extraordinárias. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi
iniciada a ORDEM DO DIA. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento de
autoria do Vereador João Dib solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº
08/96 (Processo nº 585/96) seja considerado em regime de urgência e submetido à
reunião conjunta das Comissões, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
Antonio Hohlfeldt, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa e Jocelin Azambuja, em
votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, por vinte Votos SIM, tendo
votado os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, João Dib,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz
Negrinho, Mário Fraga, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul
Carrion e Reginaldo Pujol. Durante a Sessão, o Senhor Presidente comunicou ter
recebido do Coronel Irani Flores Siqueira e do Vereador Pedro Américo Leal, uma
Agenda/96, do Centro de Comunicação Social do Exército. Às dezessete horas e
trinta e cinco minutos, constatada a inexistência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Extraordinária que se realizará a seguir. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Luiz Negrinho e Mário Fraga e
secretariados pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Luiz Negrinho. Do que eu,
Reginaldo Pujol, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar a representação que se faz
presente, nesta oportunidade, da Associação dos Moradores do Parque dos Maias
II, cujo o Presidente fará uso, posteriormente, da Tribuna Popular.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Sr. Presidente já
enfrentamos este problema na segunda-feira, quando o Presidente em exercício
dos trabalhos foi o Ver. Edi Morelli, e vejo que se repete hoje. Quando cheguei
à Mesa e o Sr. Secretário ainda fazia a chamada, sem saber, portanto, se
haveria quórum para a instalação da Sessão, já havia seis ou sete Vereadores
inscritos para a discussão Preliminar de Pauta.
O SR. PRESIDENTE: Eu queria informar a V. Exa. que, abertos os
trabalhos por esta Presidência e determinando a chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a verificação de quórum, simultaneamente a Mesa autoriza a
inscrição para a Discussão Preliminar de Pauta
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Eu gostaria de saber qual é
o procedimento correto: se o do Vice- Presidente ou o do Presidente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa, consoante as disposições regimentais,
abertos os trabalhos com a chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
verificação de quórum,...
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: E se não houvesse quórum,
Sr. Presidente? A Sessão ainda não estava instalada. Portanto, eu gostaria de
solicitar um parecer da Assessoria legal da Casa para que houvesse a
interpretação correta do Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Recebendo de V. Exa. essa solicitação de
consulta extremamente interessante para o bom andamento dos trabalhos desta
Casa, vamos definir isso de forma clara, para que não haja problema, se a
instalação se dá por ocasião em que o Presidente anuncia o horário, em que solicita
a verificação de quórum, ou só no momento em que constata-se a existência de
quórum. Seremos rigorosos na observância das prerrogativas e das garantias de
cada Vereador.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Requeiro a V. Exa. que
encaminhe à Auditoria da Casa consulta no sentido de se saber qual o momento
exato em que está instalada a Sessão. Se no momento em que o Presidente declara
o horário da Sessão e determina a chamada nominal dos Vereadores ou se quando
concluída a chamada nominal. O nosso objetivo é que se ajude a Mesa para que
não haja dois procedimentos.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa acolheu como sua a preocupação de V.
Exa., resolveu ouvir a Procuradoria da Casa para uma definição sobre a matéria.
A Mesa informará, após, a todos os Vereadores.
O Ver. Luiz
Negrinho está com a palavra em Comunicação de Liderança.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na última sexta-feira usei esta tribuna para falar da violência,
que está ocorrendo no Bairro Cristal. Ontem, novamente, mais um dia de terror.
São comerciantes, residências e casas assaltadas à luz do dia e a Brigada
Militar sequer está passando pelo Bairro Cristal. Trago essa preocupação,
porque, ontem, ao sair da minha residência, às 18h30min, para um compromisso na
Vila Santa Rosa, observei três elementos, que vinham em minha direção, vi pelo
espelho, acelerei e saí. Naquele momento um comerciante, ao lado da minha casa,
foi assaltado por aqueles elementos. Ele foi agredido e usaram toda aquela
violência, que tem ocorrido no Bairro Cristal. Hoje ao meio dia, num programa
de televisão, falei que os nossos comerciantes têm que ter coragem para fazer o
que eu fiz. Têm que denunciar, procurar reconhecer e não omitir nomes, porque
eles estão passeando e não são denunciados. E com isso estão sofrendo esse
terrorismo com assaltos e furtos às suas residências.
No dia 28 de
junho de 1995 eu trouxe um assunto a esta tribuna, quando eu fiz um pedido à
Prefeitura Municipal, sobre que autorizou a construção de um prédio de
alvenaria na rua General Gomes Carneiro, em frente ao nº 905 entre a rua
Catumbi e a travessa São Miguel. Quem é o proprietário do referido terreno?
Tendo em vista as irregularidades de alinhamentos, recuos e jardins, qual o
órgão responsável portal construção? Tendo essa obra iniciado em 1984, quem
está fiscalizando as obras que ora se realizam no local? Inclusive o
proprietário ao lado fez um processo encaminhou à Prefeitura com mapas e
depoimentos e nada foi feito até esse momento. Ora, é muita coincidência que
quando recebo uma correspondência, hoje, verifico que até esse momento nada foi
feito contra essas pessoas, porque nada mais, nada menos, foi fundada uma
federação de aposentados, que até nem vou citar o nome, onde o Presidente desta
entidade é a pessoa que tem esse imóvel. É verdade que a gente sabe que esse
terreno está totalmente irregular, já está provado através de arquitetos e
engenheiros que lá levei, a Prefeitura cedeu uma parte para que fosse criado um
Conselho Comunitário do Bairro Jardim Medianeira. Nada disso existe, lá, nunca
existiu, o que existe, sim, é a residência desse cidadão que lá se instalou e
lá constituiu casas para alugar e até esse momento nada foi feito.
Então recebo
uma correspondência datada no dia 05 de fevereiro de 1996 onde este cidadão é o
Presidente dessa entidade. Que forças ocultas, nesta Cidade, impedem e criam
fatos para que as pessoas fiquem na impunidade? Estou fazendo novamente um
Pedido de Informações para encaminhar ao Executivo, para que sejam tomadas
providências nesse sentido e a minha revolta maior é quando em alguma
residência, numa área verde, um morador, um vileiro, amplia a sua casa,
automaticamente recebe a visita da Secretaria de Obras ou para demolir ou para
pagar uma multa e há muito tempo venho denunciando isso aqui e nada está
acontecendo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
O Sr. Eliseu
Fialho de Oliveira, representantes da Associação de Moradores do Parque dos
Maias II, está com a palavra.
O SR. ELISEU FIALHO DE OLIVEIRA: Exmo. Ver. Isaac Ainhorn,
digníssimo Presidente da CMPA; Exmo. Ver. Pedro Ruas, ilustre Presidente da
CUTHAB; nobres Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores. ( Lê.)
“ Em 1887 a ONU
publicou a declaração universal dos direitos do Homem. O Brasil como um dos
países pertencentes e signatário a supracitada organização tem o dever de criar
os mecanismos que garantam o cumprimento de tal declaração. No entretanto,
estamos longe de que isto seja efetivado no cotidiano da maioria do povo
brasileiro. Entretanto, sabemos que o próprio Estado acaba sendo o principal
responsável pela violação das condições básicas de sobrevivência: Terra e
Moradia; Trabalho e Salários dignos; Saúde e Educação; Cultura e Lazer. Tem
sido direitos impiedosamente escanteados pelos governos que se sucederam ao
longo desses anos no poder.
A falta de um
projeto consistente visando a construção de Habitações populares é o reflexo do
descaso, do desmando, da irresponsabilidade e da falta de compromisso com um
dos direitos mais elementares do Homem.
Sendo isso
aliado a um alto grau de racionalidade que envolve cada decisão
político-administrativo são os responsáveis proeminentes pelo atual caos
existente na área de Habitação popular.
Nosso movimento
social reivindicativo de ocupação se deu no ano de 1987, em uma obra já
abandonada há 5 anos.
Estava
inacabada e sendo depredada. Alguns prédios eram só carcaças com menos de 50%
de obra construída.
Obra essa
financiada com dinheiro do Fundo de Garantia recolhido pelo Sul Brasileiro.
A proprietária
dos imóveis, Construtora Guerino, estava falida.
A Financeira
HABITASUL (Crédito Imobiliário S/A) estava em liquidação extra judicial. A
situação em que permaneceram ambos, até o final do ano passado em condições
legais de negociar imóveis.
Nos oito anos
de ocupação, nos investimentos grande parte dos nossos já escassos recursos e
muita mão de obra na conclusão de 1492 apartamentos.
Colocamos:
pisos, portas, janelas, rebocos, externos e internos, fiação e tubulações,
instalações elétricas e hidráulicas, azulejos, enfim, o acabamento que em
termos de custo de construção representa a etapa mais cara de uma obra. Sem
contar com as Escolas, Praças, Quadra de Esportes, Posto de Saúde, feitos pela
organização e civilidade de nossos ocupantes, valorizando a obra e o bairro.
Ilustres
Senhores, existe uma ordem de despejo contra nós desde 30 de novembro de 1995,
já em fase de execução, solicitada pelas empresas Guerino e HABITASUL contra
qual cabe mais nenhum tipo de apelo jurídico. É um instrumento legal mas
injusto, porque é usado como uma arma apontada para nossas cabeças coagindo,
intimando, criando desespero nas famílias no sentido de forçar uma negociação
apressada e suicida.
Com esta arma
os empresários querem nos saquear impondo preços, prazos e condições totalmente
absurdas e ilegais.
Qual é o
argumento utilizado para quererem nos cobrar o mesmo índice (1.2 cub/m)
praticado em bairros mais seletos tipo Lindóia?
E o índice de
metragem de área construída que está sendo imposta aleatoriamente, à revelia do
levantamento técnico feito pela Metroplan, em 1987?
Por todo o
exposto anteriormente, nós os ocupantes nos sentimos vítimas da política
habitacional para a classe trabalhadora. E a situação do Parque dos Mayas é um
retrato do Brasil; O Brasil dos banqueiros e empreiteiras que roubam
impunemente com o conhecimento e a convivência dos governos. Só com o desfalque
feito pelo ex-ministro Angelo Calmon de Sá, do Banco Nacional daria para
comprar todos os imóveis de Porto Alegre.
É por isso
Senhores que somos o MST urbano.
Os companheiros
do campo, junto com os pequenos agricultores, estão mostrando a todos
trabalhadores o caminho à seguir.
Finalizando Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, queremos propor que esta Casa Legislativa
delibere e encaminhe a seguinte proposta:
- Decretação do
conjunto habitacional Parque dos Mayas como de utilidade pública para fins
sociais.
- Que a Câmara
busque formas e instrumentos legais a fim de sustar o processo de negociação
ora em curso, até que se efetue o levantamento técnico geral e minucioso e
criterioso, coordenado pela CUTHAB, METROPLAN e entidade de direito público e
defesa da cidadania.
- Ação e
repúdio da Câmara Municipal às empresas Guerino e HABITASUL.
- Que CUTHAB
proceda estudos técnicos sobre a legislação municipal relacionada a seguir; com
vistas e eventuais saídas e soluções.
Agradecemos a
todos dizendo:
A MESMA CORAGEM
QUE TIVEMOS PARA OCUPAR TEREMOS PARA PERMANECER.”
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós convidamos o representante da Associação dos
Moradores do Parque dos Maias II, Sr. Eliseo Fialho de Oliveira, que passa a
integrar a Mesa dos trabalhos desta Casa por ocasião das manifestações das
lideranças no curso desta Sessão sobre o tema tratado. O Ver. Nereu D’Ávila
está com a palavra
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, nobres moradores pertencentes ao Parque dos Maias II que hoje
honram esta Casa com suas presenças. O pronunciamento que acaba de ser lido
pelo representante da Associação é um libelo real contra, como foi dito no
documento, a política ou a falta de política habitacional neste País. Na
verdade, seria demagógico de nossa parte acusar neste momento ou deixar de
acusar setores ou não, pelas falhas que trazem os senhores aqui e que se
colocam com o guante na cabeça de que perderão seus imóveis, mas, na verdade,
essa falta de política é que levou a isso e a presença dos senhores, aqui,
hoje, nos alegra porque a Câmara de Vereadores, como os parlamentos em geral,
devem, precipuamente, se engajar nesses movimentos sociais de grande monta. São
2492, se não me equivoco, imóveis, ou seja é uma constelação muito grande. Na
verdade, as políticas habitacionais hoje estão completamente ao desvario e
fugiram do controle pela omissão de certas autoridades. Temos aqui, por exemplo,
o Ver. Dilamar Machado que foi do DEMHAB na época do governo trabalhista e que
procurou, ao contrário do que está acontecendo agora, construir para habitantes
exatamente lá naquela região. Agora, sinto que há um determinado esforço
conjunto para que a questão se resolva, mas, como se viu no documento lido, é
aquela velha luta contra a legalidade e o movimento social. No nosso
entendimento, até político e ideologicamente postulados, o PDT nesta luta, nós
privilegiamos o social, evidentemente. Agora, não se pode, por um passe de
mágica, passar por cima do legal. Então, há que se compatibilizar essa luta e
por isso a presença de V. Exa. é importantíssima. Nós temos que nos aliar, nos
dar as mãos para que a força social, junto com a política daqueles que representam
também a sociedade como nós, que esta força resolva amistosamente e num grande
esforço conjunto de resolução, aquilo que eu, como advogado, me preocupei,
porque, segundo o documento lido, a questão recursal está esgotada dentro dos
autos do Processo. Então, só pode haver uma solução negociada. Para esta
negociação V. Sas. precisam que seja ampliada a luta de vocês e é nesse sentido
que nós, aqui na Câmara, daremos toda a infra-estrutura, a CUTHAB tem dado,
Vereadores individualmente têm dado, comissões foram formadas para que esta
luta prossiga e a presença dos Senhores aqui, hoje, não só nos alegra, mas nos
impulsiona para que nos demos as mãos, independente de partido, para que a
instituição - Câmara de Vereadores - empreste o prestígio legítimo para que o
movimento de vocês prossiga e que, depois de grande esforço de investimentos e
de infra-estrutura como o documento ressalta que a luta não fique em vão, e
apenas a legalidade seja vencedora. Como é dito numa frase desse documento,
muito bem feito e sociologicamente perfeito, de que hoje bilhões de reais dos
bancos que são sustentados pelo dinheiro público e outros tantos, como esse
cidadão que ele citou, o Sr. Angelo Calmon, tem asseguradas a vida até de
gerações futuras, de tetranetos com investimentos depositados em bancos da
Suíça. E que o povo brasileiro que luta para ter o seu teto, não seja usurpado
por apenas sentenças judiciais para os vigores da lei. Então, nesta luta nós
nos engajamos e eu, como Líder do PDT, que temo 9 Vereadores nesta Casa, e com
práticas de estar ao lado das populações, estou aqui, em nome da Bancada do
PDT, dando toda solidariedade a vocês e mais, se precisarem de uma Comissão
Especial, se for o caso, ou a Comissão Externa, ou o que seja, nós,
imediatamente, a instalaremos e nos irmanaremos a essa luta. Eu aqui, falo sem
nenhuma demagogia, porque houve casa daqueles que se omitiram e eu sei que
houve até omissões governamentais. No caso, o que importa é a solução para
vocês, que vocês fiquem mantidos com o seu teto, porque o teto é o núcleo da
família e nós estamos aqui, não só a favor da família, mas, principalmente, a
favor da sociedade, dos desamparados e daquele que necessitam do nosso apoio.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência passa a palavra ao próximo
orador inscrito em tempo de Liderança, Ver. Luiz Braz, pela Bancada do PTB.
Cinco minutos com V. Exa. Na forma regimental.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, moradores do
Parque dos Maias. Eu tenho acompanhado o drama que todos os senhores e senhoras
vivem, não apenas agora, neste momento, em que pesa sobre as suas cabeças uma
ação de despejo que está para ser executada. Mas, o sofrimento vem de muito
tempo. As negociações já foram feitas há muito, por muitas pessoas.
Eu sei que V.
Sas. Acabaram gastando dinheiro para pagar advogado para tentar fazer com que
os seus direitos fossem assegurados: o direito sagrado de morar. Nada disso foi
possível. Mas, culminou esse processo todo de negociações com algumas lideranças
políticas que tentaram fazer o melhor tipo de encaminhamento possível a fim de
que todos pudessem Ter o seu direito de morar assegurado. Só que eu não consigo
entender é que essas negociações, praticamente, terminaram determinando que os
senhores não devem continuar no Parque dos Mayas II, porque o resultado final
de todas as negociações faz com que cada família tenha de despender algo
inaceitável para continuar no imóvel que os senhores mesmos ajudaram a
terminar.
Nós conhecemos
aquele esqueleto que muita gente pegou, lá no Parque dos Maias. Gente que
entrou num imóvel que parecia nada com um lar. E com o trabalho de todos os
senhores, conseguiram transformar aquele imóvel em um patrimônio valorizado. Aí
volta a empresa, retoma algo que foi valorizado pelos senhores mesmos, e querem
agora locupletar. Deveríamos, a essa altura dos acontecimentos, pensar quais
são as soluções dos órgãos governamentais para que esse esbulho não seja
realizado. O Presidente da Associação faz uma sugestão no sentido de que esta
Casa declare de utilidade pública, mas posso dizer para todos os senhores que
uma declaração dessa não adiantaria nada, não levaria os senhores a parte
alguma. Mas existe um encaminhamento. Eu conversava com meu amigo, Ver. Dilamar
Machado, e acreditamos que existe um caminho a ser seguido. O Presidente da
Caixa Econômica Federal, Dr. Sérgio Cutollo, foi Assessor principal do
ex-ministro da Previdência, governador Antonio Britto. Poderia o Governador do
Estado apelar ao seu antigo Assessor para que a Caixa Econômica Federal pudesse
intervir nesse processo, repassar a quantia necessária para a Guerino, ou
HABITASUL e, depois, parcelar esse valor para que vocês possam pagar.
Durante todo o
tempo faltou uma vontade política. Aquelas lideranças que lá compareceram para
fazer as negociações queriam encontrar soluções que não são as que os senhores
necessitam. O que todos estavam esperando é que as negociações pudessem dar no
sentido da permanência naqueles imóveis. Mas as lideranças que ali compareceram
levaram os senhores a um caminho que, agora, os deixam quase em desespero.
Acredito que a grande batalha seria conseguir essa audiência com o Governador
do Estado, ele tem a chave nas mãos, ele tem essa possibilidade de conseguir
chegar até a Caixa Econômica Federal, negociar com o seu ex- assessor, e poder
manter os senhores, onde os senhores estão, onde os senhores têm o direito de
ficar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em
tempo de Liderança.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores , volta e meia este problema do despejo da habitação vem à tona, com
a intensidade com que veio o Parque dos Mayas. É porque se trata de uma
comunidade enorme; é uma cidade dentro da Cidade. Conheço a história do Parque
dos Mayas desde sua ocupação. Estive lá com companheiros Deputados, Vereadores
para garantir o direito dos moradores de ocuparem pacificamente aqueles
imóveis. Conheço as condições em que eles foram ocupados. Hoje se pretende retirar
aqueles moradores que investiram dinheiro na construção das suas habitações. O
que ocorre neste País? É preciso que todos tenham consciência muito clara de
que quem fez as leis sobre esses acontecimentos não fomos nós, nem os Senhores,
mas aqueles que detêm o dinheiro. As leis feitas por intermédio de
representantes deles e para eles. Onde não houver lucro imediato, quem estiver
no meio, atravessando, vai ter que sair do caminho. A HABITASUL é aquilo que
todos conhecem: uma financeira que faliu, quebrou, sofreu intervenção. A
Guerino é uma construtora que também sofreu intervenção, baqueou, diante do que
fez de irregular, em que termos de construções. Mas todas as duas voltaram,
através das leis que regem esse tipo de ação, e, hoje, estão por cima, mandando
de novo.
A ação dos
moradores do Parque dos Mayas tem que ser uma ação política . O Governo do
Federal, o Governo Estadual, o próprio Município, pela solução que vocês
aventam de decretar de utilidade pública, não tem condições financeiras de
suportar isso; o Governo Federal, porque a roubalheira dos bancos levou o
dinheiro que seria destinado a esse tipo de investimento - dez bilhões e meios
de reais, conhecidos, fora os que ainda virão - o Governo dos Estado não tem
nem como pagar o funcionalismo público; o Município tem alguma legislação que
precisa ser implementada para que possa render algum resultado - isso a médio e
longo prazo. Agora, o que vocês têm que fazer é manter a unidade dessa
população: essa Entidade, a Associação dos Moradores, tem que fazer pressão
política até sobre esta Casa. Eu mesmo, em nome da CUTHAB, compareci a diversas
audiências aqui na Casa, em outros lugares, na Assembléia Legislativa. A CUTHAB
está desenvolvendo a sua tarefa na medida da possibilidade, mas ninguém
conseguirá sozinho, é preciso a junção dos esforços de todos, e aí vocês tem um
papel fundamental: a junção de vocês, a pressão de vocês sobre todas essas
instâncias é que vai determinar uma solução para isso. E, sobretudo, não se
curvarem ante as insistências das empresas que estão pressionando vocês. Não há
poder nenhum do mundo que obrigue vocês a deixarem de uma hora para outra tudo
aquilo que vocês conquistaram lá a duras penas. Se todos se mantiverem unidos,
não haverá capacidade de se exercer alguma ação coercitiva sobre um ou sobre
outro; e essa coercitiva vai se exercer sobre todos ou sobre nenhum. É isso que
vocês têm que pôr na cabeça: têm que se manter unidos e pressionar os poderes
constituídos para que se resolvam esse caso. Já houve outras soluções, haverá
também para o Parque dos Mayas II. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em
tempo de Liderança.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, ao receber na tarde de hoje, essa comissão incorporada ,dos
moradores do Parque dos Mayas II, eu fico a cogitar sobre se vale a pena, Ver.
João Dib, toda uma vida que a gente dedicou especialmente a área da habitação
popular. O tempo faz-me diminuir a visão, mas vislumbro, entre os integrantes
do grupo que está presente aqui, o Sadoski que foi o nosso colaborador no
departamento Municipal de Habitação, quando tenho a pretensão de que tínhamos
pelo menos a sensibilidade de ouvir e de comprometermo-nos com situações como
esta e em grau tão grave como estão vivendo os reivindicantes da tarde de hoje.
Ouvimos, há pouco, inclusive, um fato que não é novo que o Governo Federal não
tem dinheiro, de que o Governo do Estado não consegue pagar os seus servidores
e que o Município está limitado em sua capacidade de recursos. Isso é um
discurso muito antigo, penso que outras situações já ocorreram neste País e que
a vontade política superou essa falta de recursos, porque quem deixou o Governo
Federal sem recursos, quem criou as dificuldades para o Governo do Estado não
foram aqueles que estão sendo as vítimas nesta hora. Se esse povo vem bater na
porta da Câmara Municipal, ele não tem de ouvir de nós apenas discursos, mas
receber de nós uma resposta positiva, firme, e não uma omissão como malgrado a
opinião de alguns. O que o Município está fazendo no momento é lavando as mãos
nesse problema gigantesco que ocorre aqui no Município de Porto Alegre que é
onde, naturalmente, o Município tem de ter responsabilidade. Estou aqui me
integrando às posições que esta Casa terá que tomar agora e já. (Palmas.) Se
for preciso ir bater na porta do Governo do Estado e convocar o Governador
Antônio Britto, que foi eleito com o voto de milhões de rio-grandenses,
inclusive com o meu, vou lá junto com vocês, junto com meus companheiros da
Casa convocá-lo para entrar nesta luta. (Palmas.)
Vereador
Presidente, nesta disposição ninguém tem o direito de lavar as mãos. Todos têm
de pegar parelho. Eu não estou aqui tentando distribuir responsabilidades, nem
estabelecer que o Município, que o Estado e que a União sejam mais responsáveis
do que o outro. Não importa ficar procurando quem iniciou o processo muito
profundo e muito longo. O que importa é que não podemos ficar aqui discursando,
apontando responsáveis e não sugerindo nenhuma solução. É por solução que quero
me comprometer, e é por isso que falo não só como Líder da minha Bancada, mas
como integrante desse movimento e penso que com alguma autoridade por quem já
muito contribuiu para enfrentar esse problema tão angustiante da habitação em
Porto Alegre. Com essa autoridade, quero convocar a Casa como um todo, e V.
Exa. é nesta hora, Sr. Presidente, o nosso líder, para que a gente parta para
uma solução concreta, clara e objetiva, e não se deixe esse povo sair daqui desesperaçado,
sem nenhuma resposta, sem um caminho, sem um compromisso da nossa parte de
brigar junto com eles por uma solução. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa, em
tempo de Liderança.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, companheiros do Parque dos Maias, é preciso que de fato tenhamos um
comprometimento mais efetivo da Casa neste Processo; desde que em novembro de
1995, a comunidade tomou um choque ao saber que a construtora Guerino e a
HABITASUL haviam conseguido a retomada de posse, a comunidade se mobilizou;
esteve na Prefeitura, a comunidade esteve no Palácio do Governo, a comunidade
esteve na CUTHAB, a comunidade esteve na Assembléia Legislativa. Estrutura-se
uma Comissão, formada, evidentemente, por pessoas da comunidade, pelo DEMHAB,
Vereador Pujol, o Município não se omitiu em momento algum, por um
representante do Governo do Estado, pela Assembléia Legislativa, através do
Dep. Vieira da Cunha e a Deputada Jussara Cony e por este Vereador, que desde o
primeiro momento esteve junto da comunidade; tem comparecido a todas as
reuniões, praticamente, na Assembléia, no DEMHAB e às assembléias na
comunidade.
Então, é
preciso que a partir de agora esta Casa, através da CUTHAB, ou, como já dito,
através de uma Comissão Externa, realmente acompanhe na sua totalidade, na sua
representação de todos os partidos, para a solução de fato se dê: a Comissão de
negociação, e eu sou testemunha disso, têm se esforçado muito, tentando
melhorar as condições de negociação. Mas, a prepotência da Guerino e da
HABITASUL não tem feito com que as condições melhorem. Começaram exigindo,
inclusive, por metro quadrado naquela localidade: 1,4 cub. o que é um completo
absurdo, depois baixaram para 1,2 cub o que é muito alto; eu me dei ao
trabalho, no final de semana, de pesquisar no jornal Zero Hora, nos seus
classificados, e provar que se a Guerino vendesse os imóveis por 0,7 ou 0,8 cub
estaria vendendo muito bem. Jamais, na mesa de negociação a empresa e a
financiadora aceitaram fazer um levantamento técnico do valor dos imóveis.
Chegaram a dizer, autoritariamente, que a propriedade era deles e eles
colocariam o valor que quisessem. Isso não existe! Tem que se saber o valor
técnico para vender. Se aqueles imóveis hoje existem e estão sendo negociados -
a comunidade trabalhadora do Parque dos Maias quer negociar - é porque os
ocupantes terminaram a construção dos imóveis. Se não fosse por isso, só
existiriam pedaços dos imóveis, apenas tijolos e estariam todos depredados.
É importante
que, nesse momento, toda a Câmara de Vereadores - não apenas um Vereador
isolado - esteja unida aos moradores do Parque dos Maias, pois, somente com
essa pressão política e com a incorporação, se possível, da Assembléia
Legislativa como um todo, vamos conseguir modificar o rumo da negociação. A
Comissão tem se esforçado bastante, mas tem batido numa parede autoritária,
porque eles têm um mandato de reintegração de posse nas mãos. Isso é uma foice
na cabeça dos ocupantes, que só será jogada no mato se houver uma pressão
política completa, Sr. Presidente.
Portanto, é
muito bem vinda a Comissão Externa para acompanhar a negociação do Parque dos
Maias. Toda a representação política da Cidade de Porto Alegre deve se unir
para exigir que o Governo do Federal não se omita, porque a Caixa foi contatada
e disse que o assunto estava com a HABITASUL. Não podemos admitir isso. O
Governo Federal, no ano passado, gastou apenas 6% daquilo que o orçamento
permitia gastar em habitação. Então, com essa globalidade da representação
política, tenho certeza que vamos chegar à vitória e que os moradores do Parque
dos Maias continuarão com suas residências. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebeu a inscrição do Ver. Raul
Carrion para fazer uso da palavra em Tempo de Liderança pelo PC do B, embora
esteja sob a apreciação da Auditoria da Casa e da Comissão de Constituição e
Justiça o exame da constituição da Bancada, devido à suplente do Ver. Raul Carrion.
Assim, em face do parecer da Comissão de Justiça até agora presente, a Mesa
assegura a ele o tempo de Liderança.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Queria iniciar lamentando que a inscrição da Bancada do Partido
Comunista do Brasil, que sempre falou aqui pela liderança, passe hoje por
consultas à Auditoria, de forma inédita. Esclareço, Sr. Presidente, que não é
uma decisão da Comissão de Constituição e Justiça, mas é uma decisão da
unanimidade desta Casa que diz: “Pode-se concluir que qualquer partido que
ocupe uma cadeira nesta Casa, seja titular seja como suplente, tem para si o
direito de constituir-se como Bancada, utilizando-se das mesmas prerrogativas e
direitos das demais agremiações. Em conclusão, o nosso parecer é pela possibilidade
de utilização do tempo de Liderança, decorrente da constituição de Bancada por
parte, no caso em tela, do PC do B.” Esta decisão é desta Casa, não é da CCJ. O
que está em discussão, hoje, na Auditoria é a não indicação, pelo PC do B, do
seu nome para constituição as Comissões da Casa. O que é uma flagrante
ilegalidade que obrigou esta Bancada a recorrer à Auditoria da Casa e à CCJ
para poder indicar.
Esclarecido
isso, retomo o tema que me traz aqui, que é a luta do Parque dos Maias, que
temos a satisfação de, desde 87, acompanhar. Não é de última hora, não é em
momentos de manifestação de demagogia que aqui estamos. Os companheiros nos
conhecem da luta lá, da luta na negociação; alguns, do enfrentamento no Jardim
Leopoldina, quando tivemos que barrar o despejo que os nossos companheiros do
Leopoldina estavam ameaçados. Reitero aqui, apesar de não ser necessário, a
solidariedade do PC do B à luta de vocês, solidariedade também da nossa
Deputada Jussara Cony, que desde o primeiro dia vem acompanhando. Quero dizer
que é plenamente justa a afirmação do documento de que esses imóveis hoje não
estão construídos ou não são verdadeiras taperas é porque vocês, em 87,
construíram, mantiveram e valorizaram esses móveis. Há, mais ou menos, 3 anos,
constituímos inclusive, na Subcomissão de Habitação, um trabalho no sentido de
realizar um levantamento técnicos dos prédios do Parque dos Maias.
Infelizmente, por outras orientações, foi abandonado esse trabalho, e, chegamos
a essa situação emergencial onde vocês se encontram, sob ameaça da Guerino.
Creio que nessas últimas negociações avançamos alguma coisa, o parcelamento em
atraso do IPTU, o financiamento pelo sistema financeiro estadual. Creio que
podemos localizar dois problemas como os entraves maiores. O primeiro é o preço
dos imóveis, o que já vem sendo colocado aqui. É um problema muito difícil,
porque a Guerino e a HABITASUL se negam a rediscutir o valor dos imóveis. O
outro problema é a questão da carência do pagamento do parcelamento da entrada.
Há uma solicitação da comunidade no sentido de que mesmo parcelada a entrada,
haverá uma sobreposição do pagamento do parcelamento da entrada com o pagamento
das mensalidades. Então há a necessidade de negociarmos, enquanto houver o
pagamento de parcelamento, uma carência do pagamento das prestações.
A decisão está
sendo encaminhada nesta Casa de constituição de uma Comissão Especial é
oportuna e vai permitir uma maior pressão sobre a HABITASUL e sobre a Guerino.
Aliás é interessante notar que a Guerino estava em estado falimentar e que
levantou a falência sem que houvesse pago um único tostão. Situação
inexplicável! Uma empresa que sai da falência sem pagar... Queria referir-me ao
que já foi colocado aqui, que é a questão da unidade do movimento que neste
instante é fundamenta. Na última reunião, no auditório da Assembléia
Legislativa levantou-se a questão de evitar a separação daqueles que vão ter
direito a financiamento da entrada, que são os que ganham até cinco salários
mínimos, os que não se enquadram neste caso. É preciso manter esta unidade. Nós
estaremos acompanhando vocês seja na negociação, seja em caso de qualquer
ameaça de despejo, ajudando a resistência contra o despejo se necessário, como
já ocorreu no Jardim Leopoldina. (Palmas.) Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt em
Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. moradores, acho que, de modo geral, já ficou clara a
disposição da Casa para algumas medidas concretas de acompanhamento. Eu,
inclusive, não pretendia me manifestar a respeito, porque não há muito o que
acrescentar, a não ser concordar com os encaminhamentos que estão sendo dados
aqui. Mas eu queria, ao mesmo tempo, tentar pensar um pouco mais longe algumas
alternativas possíveis,, embora não tendo formação jurídica. Pensando em voz
alta, queria relembrar aqui que caberia a Prefeitura e ao Estado, ou
cumulativamente, o encaminhamento dessas medidas, que já foi dito aqui.
Em segundo
lugar, como essa área é de Porto Alegre, é óbvio que cabem principalmente à
Prefeitura Municipal de Porto Alegre essas medidas, porque é de Porto Alegre e
o Governo do Estado não pode ficar cuidando de tudo, quando tem problemas muito
semelhantes em outras áreas no Estado. Nós temos tido, no entanto, exemplos,
que estão nos jornais de ontem e de hoje, de convênios firmados entre o Governo
do Estado e a Prefeitura Municipal, em que, bem ou mal, as administrações,
apesar de partidos diferentes, vêm tentando dar solução apartir de pressão de
moradores também em Porto Alegre. Me parece que a questão não é impossível de
ser alcançada. Eu queria colocar à consideração dos Vereadores como um todo,
dos próprios moradores, provavelmente dessa comissão que venha a se formar, que
a partir do momento dessa concretização nós pensássemos em contatos com a
Prefeitura Municipal, com o próprio Governo do Estado, tendo talvez no
horizonte o exame de uma alternativa concreta que poderia, quem sabe, nos levar
a um resultado e obviamente será sempre uma pressão política importante. Seria
o exame de um decreto de desapropriação imediata, por parte da Prefeitura ou do
Estado, que daquela área, porque essa é a medida mais imediata para tentar
reequilibrar as questões. Ou seja, a partir do momento que haja uma
desapropriação vai ter que haver necessariamente uma avaliação jurídica, porque
é óbvio que o Município ou o Estado vão exigir isso - me corrijam, por favor,
os Vereadores de formação jurídica, que eu não a tenho.
É evidente que
uma eventual desapropriação não garante a interrupção do processo do despejo
dos senhores daquela área. Mas é óbvio que simultaneamente, com um decreto de
desapropriação, uma tomada de posição conjunta com a Prefeitura e do Estado - e
para isso essa comissão teria essa função, somada a uma comissão da Assembléia
Legislativa como alguém já lembrou - , nós teríamos suficientemente pressão
política para então, ganhado um determinado tempo, passarmos a fazer uma
discussão que se daria num outro patamar, num outro nível que não seria das
empresas com os moradores, mas das empresas com a autoridade administrativa e a
autoridade política: Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores, Prefeitura e
Governo do Estado. Não se trata de isolar mas de somar. Alguém teria que tomar
essa primeira atitude, rápida. Não é o Legislativo - nós não temos poder para
isso - , é o Executivo, que seria a Prefeitura de Porto Alegre ou o Governo do
Estado. A desapropriação seria imediata, medida unilateral, por decreto.
Criar-se-ia, assim, um espaço mínimo político de retomada de negociação. Não
necessariamente sustaria o perigo do despejo, mas obviamente, assim como esta
Casa foi capaz de mediar situações anteriores, nós poderíamos, quem sabe,
reequilibrar o jogo na balança, sensibilizar o próprio Judiciário e, a partir
desse momento com todos os segmentos unidos, tentarmos uma renegociação.
Fica aqui e sem
formação jurídica, mas a partir da pouca experiência, que se tem, ao longo
desses anos, como Vereador, uma alternativa que venha apenas se somar a todas
as colocações anteriores e, ao mesmo tempo, tentar encaminhar as medidas, os
atos, os movimentos primeiros. se tivemos resistência a esse tipo de gesto, por
parte do Pref. Olívio Dutra, não a tivemos da parte do Pref. Tarso Genro, que
já mostrou sensibilidade no caso daquele terreno do Menino Deus, próximo a Vila
Cruzeiro, caso que o Ver. Dib tem sempre lembrado aqui. É uma situação bem
menor uma área mínima que foi, imediatamente, desapropriada por decreto do
Pref. Tarso, e encaminhada à reorganização dos moradores na Vila Cruzeiro.
Temos, então
precedentes, e a questão não é jogar a Prefeitura no fogo, mas ter um gesto que
nos permita ganhar tempo e fazer um encaminhamento posterior numa soma de
ações. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra
pela, Bancada do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, comunidade do Parque dos Maias aqui presente. Evidentemente, é da
maior importância a vinda de vocês aqui nesta tarde para que nós, enquanto
Câmara Municipal de Porto Alegre, possamos aprofundar essa discussão, conhecer
ainda mais a realidade difícil que vocês vivem desde 1987 e fazer com que a
Câmara Municipal de Porto Alegre tenha, enquanto instituição uma ação unitária
que venha a se somar aos esforços da comunidade ali residente, ao Governo do
Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria de Obras e o Departamento de
habitação daquela Secretaria e da Prefeitura Municipal, para que assim possamos
acelerar negociações e pôr fim à longa luta, justa, que vocês, ao longo dos
anos, com a sua coragem, com as suas resistências e com a força que só é
possível por uma comunidade organizada como vocês são, venha efetivamente a ter
resultados concretos e fazer com que as famílias do Parque dos Maias tenha que
ocupar seus tempos na pressão política à Câmara, ao Governo do Estado, à
Prefeitura, à Assembléia Legislativa, como sei que vocês tem feito tantas vezes
ultimamente, e finalmente poder usufruir de um direito básico da cidadania, que
tem que ser um direito de todos, que é o direito da habitação.
Contraditoriamente,
este ano, nós vivemos o ano de habitação, declarado pela ONU, os governos têm
os seus discursos e os seus convênios formais colocados, que é um compromisso
com a população de seus países. A presença do Parque dos Maias aqui, hoje, um
conflito que se arrasta há uma década, é mais uma demonstração de que há sempre
uma grande distância entre o discurso e a prática dos governos que se sucedem,
mas, evidentemente, o caso Parque dos Maias tem intransigência das empresas
que, prosseguem com esta posição, dificultando o caminho da negociação e da
solução dos problemas, porque a grande palavra de ordem, a grande luta é o
resultado que todos nós queremos, morador do Parque dos Maias, cidadão de Porto
Alegre, é a solução desses problemas e hoje, no Estado do Rio Grande do Sul,
através da pressão, através da pressão, conseguiu-se a linha especial de dois
milhões de reais. A Caixa Econômica Estadual abriu a sua linha especial para a
questão do Parque dos Maias. Se o Vereador Líder do PTB estivesse ontem na
Assembléia Legislativa, nos trinta e cinco anos da Caixa Econômica Estadual,
num dos maiores atos políticos realizados por aquela Caixa, teria percebido que
o grande momento de aplauso daquele ato, além da presença do ex-Presidente da
Caixa, e do Governador Leonel Brizola, foi quando se anunciou que a Caixa
Econômica Estadual estava com a posição de mais sensibilidade para a questão da
habitação. Acho que isso não se constrói por decisão apenas de Governo, mas se
constrói a partir da pressão dos trabalhadores, dos moradores, das lideranças
comunitárias do Parque dos Maias, que eles têm feito ao longo dos anos,
resistindo contra as arbitrariedades de fazer com que as suas casas não sejam
suas, porque elas são de direito e têm que ser efetivadas.
O nosso papel
aqui não é responsabilizar nenhum segmento em particular que não seja o único
responsável por eles. Esta discussão não passava apenas pela Caixa Econômica
Federal, nem se resolveria com simples telefonemas. Se achássemos isto,
estaríamos mentindo, ludibriando, estaríamos evitando o processo de negociação
que tem que ser rápida, urgente, e diga-se de passagem, a Prefeitura, o Governo
do Estado, a Câmara Municipal de Porto Alegre vão formar, tenho certeza, esta
comissão. E não é a primeira vez que a Câmara faz uma comissão especial para
acompanhar, pois recentemente formamos uma Comissão Especial em relação ao
Jardim Leopoldina e tivemos um papel fundamental para evitar confronto com a
Brigada Militar, pois eles defendiam os seus direitos efetivos. E naquele
momento foi fundamental a presença de todos para evitar posições de confronto
que poderiam servir aos interesses particulares, mas não aos moradores que têm
direito às suas moradias.
Acredito que
estamos no final processo de negociação longo. Mas, nosso papel aqui não é
fazer discursos para interesses particulares de alguém, nem individuais de
ninguém, mas fazer com que a Câmara Municipal de Porto Alegre se some à Assembléia
Legislativa na Comissão de Negociação que está trabalhando há muito tempo, que
se some ao DEMHAB, à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, à Secretaria de
Obras do Governo do Estado, independente dos partidos que estejam gerindo essas
instituições, porque estaremos colocando assim, o interesse de todos acima dos
interesses das nossas siglas. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): A minha Questão de Ordem se
põe na medida em que a assistência que acompanha os trabalhos não conhece o
Regimento da Casa, posto que diversos Vereadores gostariam de se manifestar em
face da referida questão e só não o fazem porque só podem se manifestar as
lideranças ou alguém indicado por elas. Ademais, Sr. Presidente, a questão
formulada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, a meu juízo poderia até ser respondida
pela Mesa. eu gostaria de declarar que tem perfeito assento legal e jurídico. O
Poder Público pode se apropriar, sim, por interesse social, quando assim
entender, da referida área, dos referidos prédios urbanos.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a Questão de Ordem de V.
Exa., assim como os demais Vereadores, acham-se subordinados ás normas do
Regimento e, evidentemente, cada partido fala por suas lideranças. Nós queremos
dizer aos Srs. Vereadores e a essa assistência de moradores do Parque dos Maias
e da sua representação, que esta Casa, pelas manifestações das lideranças aqui
feitas, e pela trajetória de luta da Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação, presidida pelo Ver. Pedro Ruas, no sentido de um encaminhamento e do
atendimento às reivindicações dessa população, que luta e aspira pelo mais
sagrado e elementar dos direitos estabelecidos a uma família, que é a casa
própria, o direita à moradia, e que está acima de quaisquer outras pretensões
legais e positivas daqueles que, neste momento, estabelecem valores do CUB, que
extrapolam preços do mercado, colocando valores que estão nos preços ou até
mais altos do que os preços de imóveis do centro ou de outros bairros da nossa
Cidade.
Nós vamos
suspender os trabalhos por 5 minutos, na forma de solicitação formulada pelo
Ver. Reginaldo Pujol. Entendo que, também, pelas manifestações das lideranças
da Casa que concordaram com este encaminhamento e do próprio Presidente da CUTHAB,
Ver. Pedro Ruas, no sentido de que entende que uma Comissão Externa teria
eficácia valia na condução da luta dos moradores do Parque dos Maias. Então, na
forma e nas prerrogativas estabelecidas pelo art. 78 do Regimento Interno, que
assegura que a Comissão Externa será constituída pelo Presidente, com
incumbência expressa e limitada para representar a Câmara, no caso, na luta
justa e legítima dessa comunidade que aqui comparece e vem pedir o apoio, o
amparo e o socorro desta Câmara de Vereadores.
O SR. JOÃO DIB: Eu queria dizer que a Bancada do PPB, não se
pronunciou, para não fazer mais um discurso, está se colocando solidariamente a
esta Comissão para que busque uma solução, não com palavras, mas com ação.
(Palmas.)
O SR. PEDRO RUAS: Apenas, Sr. Presidente, na condição de
Presidente da CUTHAB, quero cumprimentar V. Exa. pela rápida ação e pelo
brilhantismo da decisão. Parabéns.
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos por 5 minutos
para a constituição da Comissão Externa.
(Suspendem-se os trabalhos
às 15h25min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h07min): Estão reabertos os
trabalhos. Nós gostaríamos de informar às pessoas que aqui se fazem presentes
que, em reunião realizada no Salão Nobre da Presidência, com as Lideranças da
Casa de todos os partidos políticos e Vereadores presentes. Lê.
“Considerando a
gravidade e urgência da crise habitacional enfrentada pelos moradores do Parque
dos Maias II;
Considerando os
termos da manifestação da Associação dos Moradores do Parque dos Maias II, na
pessoa dos Sr. Eliseu Fialho de Oliveira, membro da Comissão de Divulgação, no
espaço da Tribuna Popular da Sessão Ordinária de 06.03.96;
Considerando o
integral apoio das Lideranças e Bancadas desta Casa à problemática apresentada
pela entidade;
E, ainda,
considerando que urge uma ação imediata deste Legislativo, DETERMINO seja
constituída, nos termos do art. 78 do Regimento, uma Comissão Externa com a
finalidade de representar a Câmara Municipal de Porto Alegre em todas as
instâncias que envolverem as tratativas para a resolução da questão.
Sala
das Sessões, 06 de março de 1996.
(a)
Vereador Isaac Ainhorn
Presidente”
Comunicamos que
a Comissão Externa tem a seguinte composição: pelo PDT, Vereadores Mário Fraga
e Elói Guimarães; pelo PTB, Ver. Jocelin Azambuja; pelo PST, Ver. Luiz
Negrinho; pelo PPS, Ver. Lauro Hagemann; pelo PMDB, Vera. Clênia Maranhão; pelo
PPB, Ver. Pedro Américo Leal; pelo PT, Vereadores José Valdir e Guilherme
Barbosa.
A presente
Comissão Externa, devidamente constituída, terá a sua reunião já previamente
agendada, em face da urgência que se impõe no presente caso, para a tarde de
hoje, às 17h30min, no Salão Nobre da Presidência.
Passamos à
PAUTA
1ª SESSÃO
PROC. 3167/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 271/91, de autoria do Ver. José
Valdir, que dispõe sobre a proibição de pessoa jurídica em débito com o sistema
de seguridade social em contratar com o Poder Público Municipal ou dele receber
benefício ou incentivos fiscais ou creditícios.
PROC. 2488/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/94, de autoria do Ver. Paulo
Brum, que dá nova redação ao art. 2º da Lei nº 6002, de 14 de novembro de 1989,
que institui o estacionamento pago nas vias públicas da área central do
Município.
PROC. 2557/95 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 045/95, de autoria do Ver. Carlos
Machado, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Policial ao
Sargento PM Airton de Souza Espíndola.
PROC. 2716/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 164/95, de autoria do Ver. João
Verle, que institui a Semana da Restinga no Município de Porto Alegre, e dá
outras providências. (Com emenda nº 01)
PROC. 0134/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 001/96, de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, que dispõe sobre a oficialização do Mercadão do Produtor do Município
de Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC. 2583/95 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 005/95, de autoria do Ver. João
Verle, que altera a redação do Art. 19 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre (Cargos em Comissão - incompatibilidade para provimento).
PROC. 0596/96 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N° 006/96, de autoria da Mesa Diretora,
que constitui Comissão Especial para análise do Processo nº 2379/95 (PR nº
43/95) - alterações no Regimento desta Casa.
PROC. 0525/91 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 007/91, de autoria do Ver. José
Valdir, que regulamenta o art. 250 da Lei Orgânica do Município e dá outras
providências (meio ambiente).
PROC. 1799/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/91, de autoria do Ver. José
Valdir, que dispõe sobre o livre ingresso de sexagenários nos eventos
promovidos pela Prefeitura de Porto Alegre.
PROC. 2555/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/95, de autoria do Ver. Nereu
D’Ávila, que denomina Rua Alvino Bernardes um logradouro irregular localizado
no Bairro Campo Novo.
PROC. 0305/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 003/96, que autoriza a desafetação
do imóvel público destinado à área verde, para fins de alienação.
PROC. 0342/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 004/99, que autoriza o Poder
Executivo a utilizar de forma centralizada as disponibilidades financeiras da
Administração Direta e Indireta.
PROC. 0384/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/96, de autoria do Ver. Dilamar
Machado, que isenta do pagamento da Taxa de Lixo a Cruz Vermelha Brasileira e a
Santa Casa de Misericórdia.
PROC. 0429/96/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/96, de autoria do Ver. Jocelin
Azambuja, que autoriza o Poder Executivo a isentar os trabalhadores urbanos
desempregados do pagamento das parcelas do Imposto Predial e Territorial
Urbano.
PROC. 0585/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/96, que autoriza o Departamento
Municipal de Água e Esgoto - DMAE a contratar operação de crédito com a Caixa
Econômica Federal - CEF, visando a implementação, no Município de Porto Alegre,
do Programa de Saneamento Integrado - PROSANEAR, e dá outras providências.
3ª SESSÃO
PROC. 0341/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/96, que cria Conselho Municipal
de Alimentação Escolar e dá outras providências.
PROC. 0403/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 006/96, que altera a Lei nº 2312, de
15 de dezembro de 1961, que cria Departamento Municipal de Água e Esgoto.
PROC. 2585/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/95, de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, que denomina Rua Pedro de Oliveira França um Logradouro irregular
localizado no Bairro Belém Velho.
PROC. 2649/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 157/95, de autoria do Ver. Darci
Campani, que autoriza o Executivo Municipal a criar Exposição Municipal de
Agropecuária.
PROC. 2650/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/95, de autoria do Ver. Darci
Campani, que altera a reação do artigo 6º da Lei nº 2312, de 15 de dezembro de
1961, que cria Departamento Municipal de Água e Esgoto.
PROC. 2572/95 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 046/95, de autoria do Vera. Maria
do Rosário, que institui prêmio para órgãos de circulação dirigida no âmbito do
Município de Porto Alegre. Com Emenda nº
01.
PROC. 0463/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/96, de autoria do Ver. Luiz
Braz, que denomina Rua Rafael Celaro Morelatto um logradouro irregular,
localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 3138/91 - SUBSTITUTIVO Nº 03 AO PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
270/01, de
autoria dos Vereadores Nereu D’Avila e Clovis Ilgenfritz, respectivamente, que
institui a participação da população no processo de elaboração orçamentária do
Município de Porto Alegre.
PROC. 0062/96 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 001/96, de autoria do Ver. Jocelin
Azambuja, que concede a Profª. Emília Therezinha Xavier Fernandes o Prêmio de
Educação Thereza Noronha.
PROC. 0096/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 001/96, que autoriza a permuta de
próprio municipal localizado na Rua Marcelo Gama, s/nº, com imóvel particular
localizado na Rua Marcelo Gama nº 1157.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver.
José Valdir retorna a este Plenário, onde ele é figura proeminente, sem dúvida
nenhuma, depois de um tempo, e volta uma verdadeira fúria legiferante. Mas tem o
meu integral apoio, Ver. José Valdir, pela primeira vez eu encontro o PT dando
força a uma proposição deste Vereador. Por todos os tempos eu quis saber os
gastos com publicidade, com reclames, da Prefeitura. Eu quis que a Prefeitura
dissesse melhor onde vão milhões de reais da publicidade, e V. Exa. , que vem
do Executivo, diz que é preciso, no seu Projeto de Lei, dispor sobre gastos com
publicidade oficial, por parte do Poder Executivo Municipal, e regula essa
atividade. E mais acima, muito além do que determina a Lei Orgânica. A Lei
Orgânica diz que de dois em dois meses devem ser publicados os gastos e V.
Exa., com muito acerto, com muita exatidão, diz que deve ser mês a mês, e que a
publicidade, a propaganda dos atos, programas, obras, serviços realizados em
campanhas da Prefeitura de Porto Alegre deverá ter caráter educativo,
informativo e de formação social. Está na Lei Orgânica e V. Exa. coloca bem. Na
publicidade da Prefeitura poderá constar nomes, símbolos ou imagens. Símbolos,
por exemplo, Administração Popular, mais Cidade/Cidadania, que está sendo
discutido amplamente nos tribunais desta Estado. E até, como determina V. Exa.,
que órgão público responsável seja citado, o objetivo da publicidade e
propaganda; veículo de comunicação utilizado; empresa publicitária utilizada;
valor do contrato, mensal e total; discriminação do custo com produção,
veiculação. Não há de acontecer, como aconteceu com a Trama Publicidade que
tratou por algum tempo, mais da metade da publicidade da Prefeitura e de forma,
absolutamente, ilegal. Eis que não atendia os requisitos propostos para que
pudesse ser enquadrada como empresa capaz de fazer publicidade para a
Prefeitura. Naõ estava habilitada devidamente. Portanto, Ver. José Valdir, V.
Exa. tem todo o meu apoio, tem todo o empenho da minha Bancada para que seja
aprovado com absoluta rapidez e unanimidade.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento ao orador.) Só para esclarecer V. Exa., este e mais dois Projetos
de minha autoria, pedi que retirassem da Pauta. Portanto, este Projeto não está
na Pauta. E mais, esse Projeto foi apresentado a Lei Orgânica e reprovado por
esta Casa.
O SR. JOÃO DIB: Que tristeza, Ver. José Valdir, na verdade
estava muito contente, porque a Prefeitura iria dizer o porquê de gastar tanto
com propaganda, com publicidade em jornais - com edições maiores que o Correio
do Povo. Há na Pauta um Projeto que está sob regime de urgência: Projeto do
DMAE, pedindo autorização para crédito na Caixa Econômica Federal. Estou apenas
fazendo uma Emenda, pedindo que seja aprovado com urgência, e seja aprovado
pelo Conselho Deliberativo do DMAE. E para que o Prefeito não faça o que fez
com o Jardim Leopoldina, onde gastou 20 milhões de dólares, sem autorização do
Conselho Deliberativo do DEMHAB. Então, quero que haja a autorização do
Conselho Deliberativo do DMAE, e nem vou questionar se foi o Orçamento
Participativo quem escolheu essas obras que o DMAE está propondo aqui. Aqui há
outro dado que autoriza o Poder Executivo a utilizar de forma centralizada a
disponibilidade financeira da Administração Direta e Indireta. “O Prefeito diz
o seguinte: “É sabido que o mercado financeiro remunera melhor a aplicação de
maior volume e, por essa razão, a centralização dos recursos trará ganhos
financeiros ao Município”. É esse ganho financeiro que fez com que o Prefeito,
no ano passado, mesmo tendo sobrado dinheiro no fim do ano, não desse o décimo
terceiro salário aos sacrificados servidores municipais em julho, como poderia
ter sido dado na forma da Lei. O que interessa ao Prefeito e aos seus
Secretários é o ganho financeiro que se deu para um Orçamento que arrecadou
quatrocentos e um milhões de reais e que gastou trezentos e noventa e sete
milhões de reais. Em serviço público, em meu tempo de escola de engenharia,
diria - se que isso é burrice, porque o Orçamento deve ser equilibrado, se não
for assim, vai ser deficitário, mas como os ganhos financeiros grandes, a
Prefeitura ficou com quatro milhões de reais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje tornou-se um pouco atípica a Sessão, porque nos debruçamos,
especificamente, sobre o assunto do Parque dos Mayas II, encaminhado
satisfatoriamente.
Retomo a
discussão, em Pauta, do Orçamento Participativo. Eu dizia na outra Sessão, que
há um órgão chamado COP, que pelos órgãos oficiais da Prefeitura é o órgão para
propor, fiscalizar e deliberar sobre o Orçamento Participativo. Então a Vera.
Maria do Rosário conseguiu, com extremo esforço, tentar dizer que esta Câmara
ainda tem participação no Orçamento. Se recordo, esta Câmara tem feito algumas
poucas alterações, porque o Orçamento já vem engessado e incubado. Ela lembrou
que a Câmara que alterou na rubrica de publicidade, e evidentemente, para
destinar à algumas entidades, que mereciam muito. Então, isso são resquícios do
poder, não há poder nenhum na Câmara, neste momento, foi absolutamente
surrupiado o poder originário das Câmaras municipais, historicamente, de
debruçarem-se sobre o Orçamento da Cidade. Quero dizer, que é evidente que
queremos a participação popular conosco. Agora, isso não quer dizer que abramos
mão de tudo que temos poder, em função, por mais respeitáveis que sejam, de terceiros.
Então, a
modificação que quero é que se modifique a processualística do atual Orçamento
Participativo, pois da maneira em que ele está, tenho dito que há, de certa
maneira, ditadura da maioria, a manipulação sibilina, inteligentemente, mas há,
e a exclusão completa, quase absoluta, da Câmara de Vereadores. No ano passado
eu me propus a estudar, e estudei durante três meses, a minha assessoria chegou
a ficar cinco horas consecutivas conversando com membros do COP e depois o
Substitutivo foi apresentado, Subsídios que indicam que temos, sim, que
modificar e regularizar o Orçamento Participativo. Vejam bem, Srs. Vereadores,
a questão dos conselheiros. Por quê eles são eleitos? Eles são eleitos pelas
assembléias regionais. Que assembléias são essas? Das regiões, das dezesseis
regiões. Então, teoricamente, é democrático, só que nessas assembléias, embora
eu considere que sejam freqüentadas por platéia até certo ponto representativa,
há manipulação na eleição do COP; primeiro lugar por quê? Porque, evidentemente,
quem tem o poder leva mais gente, e eu sei até de ônibus financiados, claro que
sem provas, mas financiados pela Prefeitura, os quais levam as pessoas às
assembléias, e lá, evidentemente, elegem mais delegados e mais conselheiros.
Então, qual a modificação que eu quero? Quero que cada dez pessoas do povo
elejam um delegado, esses delegados elejam os conselheiros. Por quê? Porque
eles conhecem mais, porque eles têm a obrigação, como delegados - o nome está
dizendo: tem delegação popular - de participar das assembléias, das discussões.
Então, eles conhecem mais pessoas, conhecem mais do que pegar numa rua um monte
de gente e levar para a assembléia e este eleger os conselheiros. Porque esses
conselheiros junto com a GAPLAN e junto com o CRC, ligados à comunidade, esses,
atualmente, mandam, deliberam e decidem, absolutamente, em cima das prioridades
decididas pelas assembléias. Estou tentando, e vou continuar essa discussão,
porque quero discutir com meus pares, quero que a situação fique bem clara de
que nós temos que aperfeiçoar o Orçamento Participativo. Nós não queremos
prejudicá-lo, porque o Orçamento Participativo tem méritos, porque a comunidade
participa, isso sim: agora, ele tem que ser regularizado, tem que ser revisado
na sua processualística, porque atualmente chegamos até uma ditadura das
minorias. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em Pauta, Ver. José
Valdir. Após, Ver. Dilamar Machado, e após Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu me
inscrevi após o Ver. Dilamar Machado.
O SR. PRESIDENTE: Tenho aqui a ordem da Pauta, solicito que vá
V. Exa. para obedecer rigorosamente a Pauta, pois se eu passar pelo nome de V.
Exa. , terei que chamar o primeiro suplente na discussão, Ver. Mário Fraga. E
não há cedência e nem transposição.
O SR. JOSÉ VALDIR: Foi um equívoco do Ver.
Pujol, que se inscreveu erroneamente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece a V. Exas. que não
inscrevemos os Vereadores para a Pauta, eles se inscrevem.
Há oposição de
V. Exa., Ver José Valdir, em falar neste momento?
O SR. JOSÉ VALDIR: Quero apenas que siga
rigorosamente a ordem de inscrição...
O SR. PRESIDENTE: A ordem de inscrição oficial é a seguinte:
Ver. José Valdir, Ver. Dilamar Machado e Ver. Reginaldo Pujol.
Comunico, nesta
oportunidade, que esta Presidência recebeu, de parte do Cel. Irani Flores
Siqueira e do Ver. Pedro Américo Leal, uma agenda 96 do Centro de Comunicação
Social do Exército. O Ver. José Valdir está com a palavra.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, coisas muito
graves estão acontecendo nesta Casa. Já é o terceiro dia que há problema com
algo tão simples como a inscrição, tão simples quanto esse banheiro, que estava
fechado há dez dias e apenas ontem foi reaberto. São coisas graves, sobre as
quais peço providências de V. Exa.
Sr. Presidente,
estou apresentando um Projeto que estabelece o conteúdo do art. 116 da Lei
Orgânica Municipal. Esse artigo estabelece que o Executivo tem que consultar a
população para elaborar a peça orçamentária. É baseado nesse dispositivo que se
originou o Orçamento Participativo. No momento em que esta Casa considera que
esse dispositivo é insuficiente e quer - como diz o Ver. Nereu D’Ávila -
regulamentar o Orçamento Participativo, penso que, antes de mais nada esta Casa
deve ser coerente e colocar, na Lei Orgânica do Município um dispositivo
semelhante para esta Casa. Por isso estou entrando com um Projeto de Lei.
Propondo que nesta Casa também tem que haver uma consulta popular, ou seja, que
nesta Casa também tem que haver orçamento participativo. A população tem que
participar na discussão orçamentária desta Casa, acompanhar a execução dos
gastos como é feito no Município. A partir daí a Câmara tem todas as condições
e legitimidade para discutir, criticar, reformular e melhorar o Orçamento
Participativo. Portanto, eu quero que a discussão sobre democratização dos
espaços públicos, das instituições públicas, comece pela Casa, tornando efetivo
um dispositivo de lei que não existe em relação ao Legislativo, de obrigatoriedade
e consulta e de participação popular na execução do orçamento e acompanhamento
dos gastos desta Câmara como existe em relação ao Executivo.
Nessa
discussão, quando se diz que a Câmara Municipal está tendo o seu poder
diminuído por causa do Orçamento Participativo, eu chego a conclusão que tudo
isso é uma questão de selo, porque o que se reclama é que os Vereadores não
podem mais colocar o selo naquelas obras, naqueles investimentos, como
acontecia no passado. Quando da votação do Orçamento Participativo, é verdade,
esta Casa se enche de lideranças que vêm acompanhar a votação do orçamento, mas
não são mais cidadãos passivos, desinformados e desorganizados. São cidadãos
que já passaram por uma discussão, têm informação e, podem entender e saber o que
está sendo votado. E é por isso que muitos Vereadores se sentem engessados e
pressionados em regulamentar e restringir, porque sabem que o povo não vem mais
a esta Casa, apenas, para aplaudir e acompanhar sem entender o que está
acontecendo. É um povo que participa de um processo de discussão, sabe o que
está sendo votado e é consciente. O Orçamento Participativo é, antes de tudo,
uma questão de cidadania. O que se quer fazer aqui na Casa é criar o colégio
eleitoral, e o Ver. Nereu D’Ávila deixou isso bem claro. A democracia direta de
participação ampla, ele quer substituir por uma instância que nada mais é do
que um colégio eleitoral, transformando o processo em uma eleição indireta. Em
nome de que há manipulação e de que quem tem poder sempre manipula - portanto,
esta Casa deve manipular também, na expressão do Vereador - quer transformar
uma eleição, direta ampla e participativa numa eleição indireta, através de um
colégio eleitoral. Acho que temos que continuar fazendo esse debate.
A prova de que
não há manipulação é que no conselho do orçamento e entre os delegados,
encontramos pessoas de todos os partidos políticos, inclusive o assessor do
agora Dep. Vieira da Cunha. Ele é do conselho da Zona Norte, é do Conselho
Participativo; Vereadores desta Casa participaram do processo do Orçamento
Participativo. Portanto, isso é a prova real de que não há manipulação. E mais,
quando se acusa a manipulação, sempre se diz que a manipulação é porque houve
reclamação de minorias, de minorias que não foram atendidas. Isso, para mim, é
a comprovação de que a maioria efetivamente decide no Orçamento Participativo.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Negrinho): O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, acho que do discurso do Ver. José Valdir alguma coisa se aproveita,
especialmente no sentido de que a democracia participativa é um ato de
modernidade que deve ser aceito pelos cidadãos de bem, e entre os 32
conselheiros titulares ou delegados, além dos 24 do PT, existe um do PDT. Mas
não é essa a questão, Vereador. Pegue o livro do Orçamento Participativo: veja
como há uma clara manipulação além de algumas inverdades e algumas fantasias. E
olha que e um livro muito bonito, com excelente papel e disposição gráfica,
recheado de fotografias e algumas de página, dentre elas uma taquígrafa aqui da
nossa da Casa. Tem uma taquígrafa da Casa que é filiada ao PT e é um direito
que essa senhora tem de ser filiada, como qualquer taquígrafa pode ou não ser
filiada a um partido políticos tem uma página inteira dela, ali, como cidadão
de luta do Orçamento Participativo. Tem a assessora do Ver. João Verle numa
outra página inteira; a ex - esposa ou companheira ou esposa do ex-Vereador
Heriberto Back numa outra página, mas é gozado, os do PDT não tem ali no
Orçamento Participativo. Além de um “conto da carochinha” que é contado nesse
livro, aliás muito bem escrito, tem que se reconhecer a capacidade das escribas
do PT, são bons jornalistas, são mais de cem, segundo o Ver. João Dib, numa
centena de assessores de imprensa e tira, no mínimo, um redator. Então, ali ele
conta a história, não sei, coisa parecida com lixo que virou jardim, é a
história da Vila Planetário. Só que conta a missa pela metade. Não conta a real
história da Vila Planetário. Não conta, por exemplo, que aquele projeto - já
disse isso aqui e ninguém me desmentiu e ninguém vai me desmentir - foi
elaborado pela Arq. Sandra Tonon, à época esposa do nosso companheiro Milton
Zuanazzi, uma excelente arquiteta, era minha diretora no DEMHAB, que elaborou o
projeto da Vila Planetário. Não conta que aquele terreno está lá perdido,
porque invadiram, dado pela Prefeitura à Federação das Associações dos
Excepcionais e que foi um projeto de minha autoria nesta Casa, que devolveu ao
Município a área da Vila Planetário. Não conta que fui, naa época, Diretor do
DEMHAB, quando o Ver. José Valdir participava comigo dos conselhos Populares da
Zona Norte, ele como grande liderança na Nova Gleba, embora até hoje não tenha
conseguido fazer uma creche naquela vila, que eu fui à Brasília buscar
recursos, que acabaram utilizados para financiar a construção da Vila
Planetário. Não conta, Ver. José Valdir, que aquele terreno do IPÊ, que foi
permutado com a Prefeitura, foi trabalho meu, já iniciado inclusive pelo Ver.
Pujol, pelo Ver. Zanella, por quem me antecedeu, para permutar aquela área e
que o dinheiro que se utilizou em toda a região da Grande Cruzeiro da Caixa
Econômica Federal que foi financiado há muitos anos e há muitos anos vem sendo
utilizados pelas sucessivas administrações do DEMHAB, inclusive pelo Dr.
Corbellini, pela Dra. Lires e o atual Diretor, possivelmente continue
utilizando, não conta que a pavimentação da Vila Santa Rosa foi recurso da
Caixa Econômica Federal, conseguido à época, e acho que o Prefeito era o Ver.
João Dib, e que depois por razões do Plano Cruzado teve contrato rescindido.
Quer dizer, essas coisas é que me deixam um pouco intrigado, Vereador. Então,
eu retiro do discurso inflamado de V. Exa. a assertativa a qual eu me
incorporo, aliás, ultimamente, tenho vontade de assinar muita coisa junto com
V. Exa., inclusive aquele documento que foi assinado pelo Ver. Guilherme
Barbosa, pelo Ver. Campani e pela Vera. Maria do Rosário, aquele documento, eu
quero assinar junto do outro lado. Estou plenamente de acordo com ele, menos
com a expressão “autoritarismo” e “objeção às camadas populares. V. Exa. sabe
que, ao tempo em que o Dr. Collares foi Prefeito e eu, Diretor do DEMHAB, havia
total democracia na relação entre a Prefeitura e as camadas populares da
Cidade.
O Ver. Nereu
D’Ávila tem razão: tem que se fazer uma discussão. E V. Exa. não coloque isso
como uma posição do PDT contra o Orçamento Participativo ou contra o povo, pelo
contrário, o interesse desta Casa é discutir.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento ao Orador.) V. Exa. apoia o meu projeto de fazer o Orçamento
Participativo aqui na Câmara de Vereadores?
O SR. DILAMAR MACHADO: O Vereador me faz uma
pergunta e não tenho tempo para responder. Então não apoio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu já adverti a Casa, dizendo que o debate oportuno em torno do
Orçamento Participativo não pode ser suficientemente mais forte.
Sr. Presidente,
estou perdendo tempo, porque gostaria de merecer dos meus companheiros, no
mínimo, a atenção que dispenso quando estão ocupando a tribuna. Não que o que
eu vá dizer seja tão importante que os demais companheiros, com a sua
sabedoria, já não sabiam suficientemente bem.
Dentro do
espírito que se instalou em torno do debate do Orçamento Participativo, tenho
repetido que este debate não pode ser tão intenso que cegue a Cidade de Porto
Alegre com uma série interminável de situações críticas que estamos vivendo.
Mas, não cometeria o equívoco anti-regimental de vir manifestar sobre outras
situações, agora na discussão de Pauta, posto que essa é absolutamente clara,
se destina à discussão preliminar daqueles assuntos que nela constam. E nela
constam, entre outros, evidentemente, o projeto que prevê o substitutivo do
Ver. Nereu D’Ávila que prevê alterações na proposta originária do Ver. Clóvis
Ilgenfritz, que tramita por três ou quatro anos aqui nesta Casa.
Essa discussão,
que vai ir muito longe, tem que ser encarada de frente, porque é um discurso
muito fácil de ser produzido, que não resiste a uma análise sequer semântica.
Se coloca o Orçamento Participativo como exemplo de uma democracia
participativa, em que o povo estaria participando das coisas da Cidade.
Ora, Ver.
Dilamar Machado, V. Exa. veio à tribuna, há pouco, falar que os representantes
eleitos para comporem o Fórum do Orçamento Participativo são em nº de 35, ou
33. Mas, 2, 3, ou 4 são representantes eleitos. O que quer dizer que, até mesmo
para tentar fazer este arremedo de democracia participava, estão usando o
princípio da democracia representativa, que é a delegação de poderes. E isto
chega naquilo que tem sido a tônica do pronunciamento; se todos entendem que o
tamanho das comunas, da Cidade, não permite que se sonhe com aquela idéia da
democracia participativa em que o povo todo possa diretamente participar das
decisões do seu cotidiano, e se para isso há uma consciência de que tem que ter
delegação de poder, a representatividade e a representação, isso se aplica no
fundamento do Orçamento Participativo. Porque desacreditar, como se pretende,
que nós integrantes desta Casa, somos a verdadeira democracia participativa,
porque nós somos frutos da delegação absoluta de poderes conferidos pelo povo
pela forma mais democrática, que a civilização conheceu, que é a representação
que fluiu das urnas, do sufrágio universal, do voto direto, que vem sendo aprimorado
ao longo do tempo, inclusive nessa democracia brasileira, até mesmo com a
exceção do voto dos analfabetos e para os maiores de 16 anos de idade. Não
existe universo maior de delegação como esse, que produz a representação
popular autêntica, legítima, genuína, que se pretende atacar através dessa
outra delegação de poderes, que se faz para um fórum clandestino, posto que não
institucionalizado, posto que não regulamentado, posto que não instituído por
lei, para fazer uma tarefa eminente técnica no seu nascedouro, e sobremaneira
legislativa, naquele que é um momento decisivo da sua instituição, que é a
deliberação.
O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exa me permite um
aparte? (Assentimento ao orador.) É perfeito o pronunciamento de V. Exa. e até
para colaborar eu diria que são 16 regiões do Orçamento Participativo. Digamos,
sendo otimista, que compareçam mil cidadãos de Porto Alegre em cada região para
assembléias regionais. São 16 mil pessoas que lá estarão. Na nossa delegação de
33 aqui, votarão em 03 de outubro, um milhão de eleitores. Toda a população.
Então, querer dizer que o Orçamento Participativo não tem que ter a
participação da Câmara é uma deslavada exclusão anti-democrática. V. Exa. está
absolutamente correto no seu raciocínio, se cotejar o que realmente é
participação.
O SR. REGINALDO PUJOL: Muito bem. O que
legitimidade de participação? Eu não posso crer que cada partido político, cada
facção, cada grei eleitoral, que assuma o comando do Município, do Estado ou da
União, possa ter o direito de escolher o que eles entendem como representação
popular autêntica. A lei não é o Ver. Reginaldo Pujol nem o Ver. Nereu D’Ávila,
que diz que a representação popular se exerce neste País pela soberania do
voto, e eu, e todos os companheiros da Casa, temos essa legitimidade provinda
das urnas. Essas nos consagram o direito do qual nós temos o dever, inclusive,
de zelar como uma imposição da Lei Orgânica do Município, que diz que nos
Vereadores temos que preservar a prerrogativa desta Casa. Por isso, Sr.
Presidente, concluo dizendo que é bom esse debate. É bom, porque, pouco a
pouco, sob todos os ângulos, nós estamos demonstrando que essa democracia
participativa aí é uma falácia. É uma “atochada”, para usar a expressão mais
crua possível, porque dela não participam, sequer 5% da população de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. Nós lembramos que em
Sessão Extraordinária ocorrerá a segunda e a terceira Pauta, ainda hoje, do
Projeto de Lei do Executivo nº 08/96. Portanto, teremos duas Sessões
Extraordinárias. A palavra com o Ver. João Dib em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria
de dizer que sou extremamente paciente, acompanho as minhas idéias e insisto
nelas. Então, desde logo eu vou lembrando que o mês de maio é o mês de dissídio
dos servidores municipais e que no ano que se passou o Prefeito de Porto Alegre
passou para trás todos os servidores municipais, sem exceção. Uns na Justiça,
outros fora dela. Ou todos na justiça. Nós tínhamos uma Comissão para tratar e
acompanhar o dissídio e não o fizemos. Espero que este ano essa comissão seja
reconstituída e acompanhe integralmente os acontecimentos. Mas, eu dizia que
sou paciente e acompanho.
Hoje, pedi
urgência para o Projeto do DMAE que pede autorização para financiamento, só que
eu incluo uma Emenda para que esse financiamento seja autorizado pelo Conselho
Deliberativo do DMAE, para que não faça o mesmo que o Conselho Deliberativo do
DEMHAB que não aprovou 20 milhões de dólares. O Prefeito disse que não
precisava. Por isso eu estranho que ele não queira normalizar, regularizar o
Orçamento Participativo. Ora, leis para coisas claras, não tem problema nenhum.
Dizia, também,
que, no caso do edifício da Rua dos Andradas nº 680, o Prefeito não pediu
autorização à Caixa Econômica Federal para fazer o financiamento, e fez. E A
Câmara Municipal diz que ele agiu irregularmente. Só quero ver o que ela vai
fazer.
Quando digo que
as coisas realmente é por que elas têm alguma procedência. Por Exemplo, falei
da lancha do DMAE que não flutuava e fiz um Pedido de Informações. Queria que
me fornecessem cópias de todos os documentos relativamente à Tomada de Preços
nº 4591 do Departamento Municipal de Águas e Esgoto. Ora, vejam só, recebo a
resposta: os documentos não foram encontrados no DMAE. Por esta razão foi
aberto processo que determina a busca desses documentos com prazo de trinta
dias. Após esse prazo será instaurada um sindicância interna. Ora, a lancha não
flutuava e os documentos desapareceram. Esses documentos referiam-se ao ano de
1991, e a lancha, que não flutuava, foi construída em 1986 - esses dados foram
dados pelo DMAE.
Sou um Vereador
determinado, e não determinado Vereador; sou insistente e acho que é importante
fiscalizar, acompanhar as coisas. Por isso digo, havia problemas na lancha sim,
porque os documentos desapareceram. Mas isso não é nada, de repente acham os
documentos e verão que a lancha, que foi comprada em 1991, foi fabricada em
1986. O DMAE já está comprando sucata! De repente podem dizer que os
documentos, que nos foram fornecidos, não estão corretos. Há coisas que não
consigo entender. Por exemplo, estou colocando aquela emenda, dizendo que tem
que haver a aprovação do Conselho Deliberativo do DMAE para que a operação se
realize. Quero ver o Prefeito vetar, porque dia 13 de novembro de 1989, o Ver.
Flávio Koutzi fazia emenda semelhante, dizendo que para o DMAE emprestar
dinheiro à Prefeitura, fica condicionada a aprovação posterior do Conselho
Deliberativo da autarquia Municipal no prazo máximo de 15 dias. O Prefeito
Olívio Dutra aprovou o projeto semelhante, em seguida, mas com a mesma
proposição do Ver. Vicente Dutra. Exatamente igual à que o Prefeito vetou. Fica
a lancha navegando. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
Requerimento do
Ver. João Dib, solicitando que o PLE nº 08/96 seja considerado em regime de
urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões.
Em votação. O
Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, desta vez por iniciativa do Ver. João Dib - que antecipou o seu
pedido de urgência - , em outras ocasiões por iniciativa da própria bancada
municipal, mas a verdade é que os últimos pedidos de empréstimo do DMAE têm
sido sempre votados com pedido de urgência nesta Casa e aprovados,
praticamente, por unanimidade. O DMAE não tem pedido que não tenha levado e não
tem pedido com urgência que não tenha levado com urgência. Nem isso o DMAE tem
cumprido corretamente com suas funções ou tem, no mínimo, respeitado com
humildade, questões que eventualmente Vereadores desta Casa levantaram na sua
função explícita de fiscalização. Eu denunciei aqui, na segunda feira passada,
reclamei veementemente, a questão, para mim absurda, de o DMAE iniciar obras -
que parece, rede nova - na Av. Ipiranga, em frente a PUC, exatamente nos dias
em que a PUC inicia as aulas. Denunciei igualmente que o DMAE tem iniciado
obras na subida do morro da televisão, exatamente na Correia Lima, depois que a
SMOV asfaltou tudo, o que, no mínimo, é botar dinheiro fora, e evidencia o que
nós sempre brigávamos antes, que a CEEE, a CRT não cuidavam, não acertavam com
a Prefeitura, a Prefeitura clava e ía lá o órgão do Estado e descalçava. Agora
é pior, são dois órgãos da Prefeitura. Ontem de manhã a Bandeirantes me
entrevistou e eu repeti as colocações, inclusive valorizando o trabalho do
DMAE, é óbvio que é importante ter obra nesta Cidade, é evidente, mas isso é da
obrigação do DMAE. Em seguida o Diretor do DMAE, abriu entrevista dizendo que
lamentava que o Vereador reclamasse de obras - o que era mentira, porque não
estava reclamando de obras, eu estava reclamando era da extemporaneidade, da
inoportunidade da obra naquele momento e naquele local. Em segundo lugar, que
não era verdade o que o Vereador estava dizendo, porque inclusive eles tinham
um cuidado com a SMT, que eles abriam um buraco às 8h e fechavam o buraco às
11h30min que era para não atrapalhar o fluxo às 11h30min - está gravado Srs.
Vereadores - ,e que não era verdade, porque realmente tinha havido um atraso
administrativo, faltou verba, etc. Desculpas sem pé nem cabeça. Ao mesmo tempo
desmentiu o Vereador, confirmava exatamente o que o Vereador estava cobrando. É
evidente que sobre a Correia Lima ele não respondeu, não tinha o que dizer. E
para sorte dele, a Bandeirantes tinha que entrar em seguida com a chamada do
satélite na meia hora, e o Dr. Dieter foi salvo pelo satélite Bansat, porque ia
ter que explicar como é que é isso. O que é que custa reconhecer que de fato
houve atraso, houve algum problema interno na Prefeitura, algum problema de
caixa? Tudo bem! Agora, este Vereador fez o que deveria ser feito e chamou a
atenção, e talvez até da sua pressão decorreu uma decisão que o Diretor do DMAE
anunciou ontem, que durante esta semana eles parariam as obras até porque,
pasmem os Senhores, vão ter que deslocar o terminal de ônibus e de
táxi-lotação, do outro lado, em frente ao Hospital São Lucas , para fazer a
obra. Qual é o erro do Vereador? É o Vereador que está errado, ou é o Diretor
do DMAE que não tem o mínimo de humildade para dizer que é verdade que o DMAE
errou, que houve desacertos, que estão tentando corrigir, minimizar o máximo possível
do problema? Agora querem tergiversar com um jogo de palavras do tipo: o
Vereador está criticando obra, então não quer dar água aos moradores da Vila.
Isso é um populismo bagaceiro que fazia muito tempo que eu não via na política
de Porto Alegre. Apoio o Requerimento do Ver. Dib e a Emenda, porque, Vereador,
eu tinha esta orientação do Partido dos Trabalhadores de exigir sempre a
audiência do Conselho Deliberativo, que foi justa, e, por coerência, vou
continuar achando que é justo. Penso que o Conselho Deliberativo tem que falar
no DMAE, no DEMHAB e em todos os órgãos onde ele existir. Apoio o Requerimento.
Votarei a favor do dinheiro do empréstimo que é para a população, e não para o
DMAE, mas o Diretor do DMAE poderia ter um pouco mais de respeito pelos
Vereadores, pela população, e de humildade. Quando houver um erro, parece-me
que é grande reconhecê-lo, corrigi-lo e tratar de dar andamento ao serviço,
porque não está fazendo favor, já que é pago para fazer isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Informo a V. Exas. que ainda durante o dia de
hoje teremos a 1ª e a 2ª Sessão Extraordinária para correr Pauta do Projeto em
tela, lembrando que essa Mesa, por alguns problemas que têm havido, vai
observar, com respeito o perdão aos Vereadores, especialmente João Dib e Paulo
Brum, vai respeitar rigorosamente, a disposição do art. 152 do Regimento
Interno.
O SR. JOSÉ VALDIR: Não sei o Regimento. V. Exa. poderia ser
mais explícito quanto ao teor do artigo citado?
O SR. PRESIDENTE: Nós somos todos Vereadores desta Casa e todos
possuem, certamente, o Regimento Interno, e se V. Exa. não dispões de um
exemplar, vamos imediatamente providenciar para que chegue às suas mãos um
exemplar.
Com a palavra o
Ver. Reginaldo Pujol, para encaminhar o Requerimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o diligente Ver. João Antonio Dib socorre o DMAE e se apressa em
requerer que a Casa examine, em regime de urgência, a autorização que ingressou
neste legislativo, há poucos dias, no sentido de ser celebrado um empréstimo da
autarquia com a Caixa Econômica Federal, para o atendimento de algumas obras na
periferia de Porto Alegre, com recursos do FGTS. Observei, numa breve leitura,
que entre esses núcleos habitacionais periféricos e serem contemplados com o
recurso incluem-se, entre outros, a Vila Maria da Conceição e a Vila das
Laranjeiras. Eu comungo da opinião do Ver. Antonio Hohlfeldt de que, mais uma
vez, este Legislativo vai agir com urgência em favor da autarquia, do DMAE, porque
existe uma certa condicionante nesta Casa que a relevância do serviço público,
do abastecimento de água potável da Cidade de Porto Alegre, justifica todos os
esforços que este Legislativo possa fazer, até mesmo alguns de certa forma
perigosos, que é de abrir mão de discutir mais profundamente alguns fatos
relacionados com esta tarefa tão significativa cometida ao DMAE.
Nós também,
como o Ver. Antonio Hohlfeldt, estamos sobressaltados com a situação do DMAE
desde o final do ano de 1995, e temos apontado a estranha situação de que
durante esse tempo todo o DMAE tenha, pelas mais diversas razões, submetido a
Cidade de Porto Alegre ou parte dela, durante os rigores do verão, a um regime
de sonegação desse serviço essencial que motiva a urgência que o Ver. Dib está
pedindo.
Agora mesmo, se
observa um fato que já havíamos denunciado e que começa a tomar contornos mais
claros. É a coincidência da realização de algumas obras em determinados locais
com a efetivação de eventos maiores que transformam aqueles locais em centro da
atenção da população da Cidade. Esse é o caso da área localizada em frente à
PUC e da Cristiano Fischer, onde foi anunciado que, durante quatro meses, o
DMAE realizará obras e não garante que não ocorrerão interrupções freqüentes no
fornecimento de água potável.
Então, Sr.
Presidente, no momento em que vamos votar a favor do Requerimento do Ver. João
Dib, já que também somos condicionados por esse processo geral, queremos
registrar que o DMAE, no entendimento deste Vereador, não tem correspondido à
forma com a qual a Câmara Municipal, prioritariamente, atende aos apelos que
vêm dessa autarquia. Certamente deveríamos gizar esse fato para responsabilizar
a Direção do DMAE, que deve, urgentemente, explicar ao munícipes esse
verdadeiro caos que o serviço público essencial está vivendo. Por mais que se
queira negar, esse caos é flagrado todos os dias, e pior do que isso, sentido
nos lares humildes dos porto-alegrenses, que foram, durante todo o verão, e
continuam sendo, vítimas da má atuação do DMAE que - repito - não tem
correspondido à atenção, ao desvelo e, sobretudo, ao empenho que esta Casa tem
feito para lhe dotar do recurso necessário para a realização de tão relevante
tarefa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao próximo orador
inscrito, queremos registrar, com a satisfação, a presença, no Plenário desta
Casa, do jornalista e publicitário Raul Moraes, que muito nos honra com sua
presença.
O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é importante a discussão deste Requerimento para que nós passamos
dar condições ao Departamento Municipal de Água e Esgotos de contrair
empréstimo no valor de 1 milhão e 235 mil reais para importantes obras em vilas
populares da nossa Cidade. Redes de esgoto cloacal nas Vilas 1º de Maio, Maria
da Conceição, Boa Vista e Laranjeiras. Lançamento de redes de água na Vila
Maria da Conceição. Ampliando significativamente o abastecimento de água e
coleta de esgoto, ampliando também a qualidade de vida na Cidade de Porto
Alegre. Lembro aos Srs. Vereadores que, em pesquisa realizada por uma revista
de circulação nacional, Porto Alegre foi eleita a cidade para melhor se
investir exatamente por ter melhor infra-estrutura. Esta Casa, acredito, por
razões, deverá dar aprovação ao DMAE para ampliar o trabalho de qualidade que
faz na Cidade. O trabalho do Eng. Dieter Wartchow é um trabalho altamente
qualificado, o Eng. Dieter é um técnico de grande expressão na Cidade e no
Estado; mestre em saneamento no IPA; doutor em saneamento na Alemanha, e
demonstra ser um administrado de muita qualificação. Quero dizer aos Srs.
Vereadores que os incômodos que as obras do DMAE causam irão continuar. Não há
possibilidade de se fazer uma obra de rede de água ou de esgoto sem que isso
traga algum transtorno à população. Mas ela tem muito mais consciência de
algumas declarações claramente em época eleitoral. A obra da Cristiano Fischer,
que atinge também a Av. Ipiranga, foi licitada em junho de 1995, exatamente
porque a previsão era, com a Legislação hoje vigente, da Lei nº 8866 de que
todo processo estivesse preparado para iniciar em janeiro de 1996. Mas através
de recursos das empresas concorrentes, houve atraso, e de fato não conseguiu
começar na época prevista que era no início do verão. De qualquer forma, Ver.
Paulo Brum, a obra iria demorar seis meses, mesmo que começasse em janeiro de
96 ela iria atravessar março e isso traria alguns transtornos na avenida Ipiranga.
Esta obra vai melhorar o abastecimento do Partenon, Vila São José e adjacências
e vai ajudar em torno de 100 mil pessoas.
O Ver.
Reginaldo Pujol insiste em uma falta água diariamente, que é o caos em Porto
Alegre. Falta água em Porto Alegre? Quando? Quando tem faltado é em razão de
alguma obra, de algum acidente de obra, paradas programadas e outras tantas por
falta de energia elétrica. Caos no abastecimento de água em Porto Alegre? Pelo
amor de Deus, Ver. Pujol, isso não tem nenhuma relação com a Cidade e para não
deixar que passe em julgado eu quero dizer aos Senhores Vereadores que a lancha
sempre flutuou. Nós vamos querer saber, posteriormente, é como que o pedido de
informações de alguns Vereadores sempre chegam para algum processo que
desapareceu coincidentemente. Eu quero deixar aqui um convite para todos
aqueles que querem conhecer a lancha, navegar na lancha, eu estarei, amanhã, às
10 horas ao lado da lancha, ela tem salva vida e tudo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, o que está em discussão é o
Requerimento de pedido de urgência e não e defesa da estrutura do DMAE.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a Questão de Ordem, formulada
na primeira parte, pelo Ver. João Dib. A segunda parte não é Questão de Ordem.
Com a palavra o
Ver. Jocelin Azambuja para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Nós gostaríamos de fazer um encaminhamento, em nome da Bancada do
Partido Trabalhista Brasileiro, como não pode deixar de ser, favorável até pelo
objetivo que tem este financiamento e este investimento em estrutura de
saneamento básico.
Lembrava-me o
Vice-Líder da Bancada, Ver. Paulo Brum, se isso já foi aprovado no Orçamento
Participativo, porque tudo que vem para cá, vem com o aprovação do Orçamento
Participativo. A Câmara só vai homologar. Então, nós não sabemos e a Bancada do
Governo deve informar, depois, se isso já passou pelo Orçamento Participativo e
se o Orçamento Participativo já aprovou, porque temos que ser esse aval do
Orçamento Participativo para poder votar as questões aqui.
Vereador
Dilamar Machado, eu estou preocupado em saber, porque é um bilhão o
financiamento para o saneamento dessas três Vilas, passou lá no Orçamento
Participativo, se o pessoal do Orçamento Participativo, já sabe disso aqui.
Sabem que vai ser contraído o empréstimo para nós estarmos autorizados a votar,
porque enquanto o Orçamento Participativo não autoriza, nós não estamos
autorizados a fazê-lo pela prática que o Governo tem divulgado nos meios de
comunicação. Agora, nós aprovando, aqui, depois vai ser dito que isso já foi
aprovado no Orçamento Participativo, não é? Então, é sempre bom quando o
Prefeito mandar aqui para Casa, já mande informando: isso foi analisado pelo
Orçamento Participativo e qual o Parecer, porque aí os Vereadores vão ter a
informação correta. Já foi analisado, o Orçamento Participativo achou que essas
vilas é que têm que merecer o saneamento e não as outras com por exemplo, a Vila
do Respeito. O Ver. Dilamar Machado foi dirigente do DEMHAB e como foi sabe que
a Vila Nova Brasília, é um dos maiores crimes que existe em Porto Alegre, uma
das maiores vergonhas de todos nós, porque nenhum governo poderia permitir que
ali aquelas pessoas continuassem residindo. Qualquer solução emergencial é mil
vezes melhor do que aquilo ali, aquilo ali é um dos verdadeiros absurdos, assim
como outras vilas de Porto Alegre. Então, como deixarmos aquelas pessoas,
aquelas crianças que se criem ali como animais? Esta é a verdadeira realidade.
O saneamento é
fundamental. Vamos procurar sanear as vilas de Porto Alegre, mas em algumas
vilas não tem como fazer saneamento, porque eles já koram dentro do esgoto;
eles almoçam, jantam esgoto. É uma coisa das mais absurdas que eu já tive
oportunidade de ver na nossa Cidade e que poderia ter sido feito - e aí esse
governo que está há sete, oito anos no poder já poderia ter encaminhado um
solução para esta questão. Não precisa construir casa; arrumem um terreno para
essa gente. Vamos fazer eles adquirirem um terreno, financiar um terreno,
transportar as casas para o lugar; fazer uma estrutura urbanística de água e
saneamento básico e instalar aquelas pessoas. Agora, simplesmente fazer
proselitismo como se faz nesta Tribuna e deixar as pessoas vivendo daquele
jeito é imoral, da parte de todos nós.
Então, tudo que
houver de saneamento básico em Porto Alegre tem que ser feito. Higiene e saúde
para o nosso povo são fundamentais. Agora, fica esse detalhe, que eu não sei se
o Orçamento Participativo já aprovou, e eu não sei se posso aprovar ou não,
porque quem decide primeiro é o Orçamento Participativo, como bem lembrou o
Ver. Paulo Brum. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação o
Requerimento. A votação será nominal por solicitação do Ver. João Dib. (Após
chamada.) APROVADO por 20 votos SIM.
Comunico o
deferimento do Requerimento encaminhado à Mesa, solicitando o desarquivamentos
de projetos.
(Obs.: Foram deferidos os
Requerimento constantes da Ata.)
Passamos ao
O SR. MÁRIO FRAGA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, havíamos
marcado uma reunião na sala da Presidência para as 17h 30 min. Como
funcionaria?
O SR. PRESIDENTE: Tão logo termine a Sessão, os Srs. Vereadores
deverão se dirigir a esta reunião.
O Ver. Mário
Fraga solicita a verificação de quórum. Visivelmente não há quórum.
(Encerra-se a Sessão às
17h25 min.)
* * * * *